Nem sempre tá na cara

Cheio de VIDA

SORRIDENTE

SUICIDA

Todos os dias, cerca de 38 pessoas tiram suas próprias vidas no Brasil, o que representa um total de 14 mil por ano – no mundo, esse número passa de 720 mil.

E não é raro que quem está ao redor de casos como esses se sinta “pego de surpresa”.
Isso porque um (potencial) suicida nem sempre se encaixa no padrão visual que a maioria de nós espera: triste, melancólico e desanimado o tempo todo.

Será que parte da dificuldade em interceder não está aí?

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QUEM VÊ CARA NãO VÊ INTENçãO

E mesmo se pudesse ver, você saberia ajudar? A resposta, na maioria dos casos, é “não”.

Afinal, detectar uma crise suicida não é “receita de bolo”: segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, praticamente 100% dos casos de suicídio estão relacionados a doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente, o que, por si só, já torna cada caso um caso.

Ainda assim, alguém em um nível de sofrimento como esse pode vir a dar certos sinais – dos mais clássicos aos menos comuns –, fundamentais para que quem está ao redor, como familiares e amigos próximos, possam agir a tempo.

Mas antes de falar deles, vamos aosSINAIS QUE OS DADOS NOS DãO:

O Brasil é o campeão do mundo em ansiedade, com cerca de 10% da população afetada.

45% dos casos de ansiedade em jovens de 15 a 29 anos estão relacionados ao uso intensivo de redes sociais.

O suicídio é a terceira causa de morte entre jovens no Brasil.

As mulheres tentam mais, porém, homens conseguem mais. Isso porque homens tentam o suicídio com ferramentas de maior potencial letal.

Os idosos também estão entre os principais grupos de risco. Especialmente por conta de seu isolamento e pela capacidade reduzida de reação.

O SUS registrou, em 2023, 11.502 internações relacionadas a lesões em que houve intenção de infligir dano a si mesmo, um aumento de mais de 25% em relação aos 9.173 casos registrados quase dez anos antes (2014).

A maioria dos brasileiros, cerca de 71%, enfrenta algum tipo de distúrbio do sono, como insônia, apneia e má qualidade do descanso. E distúrbios de sono estão diretamente ligados a baixa saúde mental.

LUZ NOS SINAIS

Um dos maiores mitos em torno do suicídio é que a pessoa que tem intenção de tirar a própria vida nunca avisa ou fala sobre. Isso não é verdade e nenhum sinal deve ser ironizado ou subestimado. Vamos a eles:

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Além de falar sobre a morte mais do que o comum, quem está pensando em cometer um suicídio costuma confessar falta de esperança, culpa e baixa autoestima, além de ter uma visão negativa de sua vida e do futuro. Essas ideias podem ser expressas de forma escrita, verbal ou mesmo por meio de desenhos. Alguns indivíduos também passam a formular testamento ou seguro de vida.

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Atenção a comentários do tipo: “vou desaparecer”, “vou deixar vocês em paz”, “eu queria poder dormir e nunca mais acordar” e “é inútil querer fazer algo para mudar, eu só quero me matar”. Por mais óbvios que soem, não devem ser negligenciados.

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Pessoas sob risco de suicídio se isolam ainda mais: não atendem a ligações, interagem menos nas redes sociais, ficam em casa fechadas em seus quartos e reduzem ou descartam todas as atividades sociais (sobretudo aquelas que costumavam gostar).

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Sinais externos, ainda que não possam ser considerados determinantes para o suicídio, também vulnerabilizam e devem preocupar! Fique atento a situações de: abuso de substâncias químicas (álcool e drogas), perda de emprego ou problemas no trabalho, discriminação por orientação sexual/identidade de gênero e agressões (físicas e psicológicas).

O QUE NÃO FAZER

Supomos que você identificou alguém com tendências suicidas, e agora? Antes de saber o que fazer, é tão importante quanto (ou mais) saber o que NÃO fazer. Isso porque algumas atitudes, ainda que as de melhor intenção, podem contribuir para sobrecarregar ainda mais quem está em situação de risco.

NÃO condenar ou julgar

O que separa alguém sem transtornos emocionais de alguém com tendências suicidas são circunstâncias, inclusive genéticas. Portanto, não seja preconceituoso com a dor do outro e jamais utilize frases como “isso é covardia”, “é loucura” ou “que fraqueza”.

NÃO
banalizar

Por mais “resolvível” que a situação do outro possa parecer para você, só quem está passando por ela sabe a batalha interna que é. Não banalize com falas como “é por isso que quer se matar?” ou “já passei por coisas muito piores e não me matei.”

NÃO opinar agressivamente

Muitas pessoas acreditam que quem está com problemas de saúde mental precisa ser “chacoalhado”. Isto, além de subestimar a gravidade da situação, não ajuda em nada. Nunca utilize frases como “você quer chamar a atenção”, “te falta Deus” ou “isso é falta de vergonha na cara”.

NÃO
relativizar

De novo: a dor de cada um é a dor de cada um. Pratique a empatia e não compartilhe pensamentos como “tanta gente com problemas mais sérios que os seus...”.

NÃO à
positividade tóxica

Apesar da boa intenção, frases rasas como “levanta a cabeça, deixa disso”, “pense positivo” ou “a vida é boa” não ajudam em nada na solução do problema.

O QUE FAZER

Dependendo da gravidade da situação, pode ser preciosismo pensar que é possível fazer com que alguém mude de ideia em relação a uma decisão tão significativa como essa. Porém, sempre vale a tentativa. Dicas como as abaixo podem fazer com que você, de fato, salve uma vida.

Aposte no
bem-estar

Fortalecer os vínculos afetivos com familiares e amigos pode ajudar a cultivar relações interpessoais mais satisfatórias e aumentar a percepção de apoio. Estimule esse tipo de laço, bem como a adoção de novos hobbies que possam gerar prazer e qualidade de vida.

A tristeza ama
a solidão

Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, atue de forma rápida e direta, entrando em contato com os órgãos abaixo:
SAMU - 192
Corpo de Bombeiros - 193
Polícia Militar - 190

Dificulte
o caminho

Se a pessoa em questão vive com você, assegure-se de que ela não tenha acesso a meios que possam facilitar o ato, como armas de fogo, medicamentos etc. Fique em contato para acompanhar como ela está passando e o que está fazendo ao longo do dia.

Encoraje-a a buscar ajuda profissional

Existe um limite de atuação para quem não é especialista no assunto. Incentive a pessoa a procurar a ajuda de profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, ou mesmo de emergência, como os serviços públicos listados anteriormente.

Falar sobre o suicídio não causa suicídio

Muito pelo contrário! Grande parte do problema mora no tabu que ainda é abordar esse tema abertamente em nossa sociedade.

Mas de onde vem esse tabu?

Em 1774, o escritor e filósofo alemão Johann Wolfgang Von Goethe publicou “Os Sofrimentos do Jovem Werther”. A obra narra as desilusões amorosas de Werther, jovem que acaba se suicidando.

Após o lançamento na Europa, a história inspirou dezenas de jovens leitores, que passaram a se vestir como o protagonista, com calças amarelas e colete azul. Além disso, foi atribuída à história a culpa por outro fenômeno: uma onda de suicídios.

O livro acabou sendo proibido em diversos países, como Itália e Dinamarca, e as discussões que aconteceram em torno disso deram origem a um termo da psicanálise: o Efeito Werther.

Concebido para definir a imitação do comportamento suicida, a expressão significa que, de certa forma, o suicídio, ou o fato de falar sobre o tema, seria “contagioso”.

Porém, o que influenciaria outras pessoas a fazerem o mesmo, na verdade, tem a ver com a forma como o tema é tratado. O problema mora em falar do assunto sem cuidado, mostrando detalhes, explicitando métodos e romantizando a morte.

Portanto, encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre o tema com a pessoa que precisa de ajuda. Deixe-a saber que você está ali para ouvi-la de mente aberta e ofereça ajuda para o que ela precisar.

E, é claro, normalize falar preventivamente sobre o assunto.

Ser a luz no fim do túnel de quem está no escuro é sua vocação?

Torne-se um voluntário do CVV e doe seu tempo e atenção àqueles que desejam conversar de forma anônima, sigilosa e sem julgamentos, além de promover ações de autoconhecimento.

As principais frentes são apoio emocional (atendimento por telefone, chat, e-mail e presencialmente) e atuação na comunidade. Para ser um participante, bastar:

Ser maior de 18 anos
Fazer um curso de capacitação (INSCREVA-SE AQUI)
E ter muita vontade de ajudar

INFORMAçãO DE QUALIDADE
SALVA VIDAS

(que você nem imagina estarem em risco)

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