Cheio de VIDA
SORRIDENTE
SUICIDA
Todos os dias, cerca de 38 pessoas tiram suas próprias vidas no Brasil, o que representa um total de 14 mil por ano – no mundo, esse número passa de 720 mil.
E não é raro que quem está ao redor de casos como esses se sinta “pego de surpresa”.
Isso porque um (potencial) suicida nem sempre se encaixa no padrão visual que a maioria de nós espera: triste, melancólico e desanimado o tempo todo.
Será que parte da dificuldade em interceder não está aí?
E mesmo se pudesse ver, você saberia ajudar? A resposta, na maioria dos casos, é “não”.
Afinal, detectar uma crise suicida não é “receita de bolo”: segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, praticamente 100% dos casos de suicídio estão relacionados a doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente, o que, por si só, já torna cada caso um caso.
Ainda assim, alguém em um nível de sofrimento como esse pode vir a dar certos sinais – dos mais clássicos aos menos comuns –, fundamentais para que quem está ao redor, como familiares e amigos próximos, possam agir a tempo.
Mas antes de falar deles, vamos aosSINAIS QUE OS DADOS NOS DãO:
Um dos maiores mitos em torno do suicídio é que a pessoa que tem intenção de tirar a própria vida nunca avisa ou fala sobre. Isso não é verdade e nenhum sinal deve ser ironizado ou subestimado. Vamos a eles:
Supomos que você identificou alguém com tendências suicidas, e agora? Antes de saber o que fazer, é tão importante quanto (ou mais) saber o que NÃO fazer. Isso porque algumas atitudes, ainda que as de melhor intenção, podem contribuir para sobrecarregar ainda mais quem está em situação de risco.
O que separa alguém sem transtornos emocionais de alguém com tendências suicidas são circunstâncias, inclusive genéticas. Portanto, não seja preconceituoso com a dor do outro e jamais utilize frases como “isso é covardia”, “é loucura” ou “que fraqueza”.
Por mais “resolvível” que a situação do outro possa parecer para você, só quem está passando por ela sabe a batalha interna que é. Não banalize com falas como “é por isso que quer se matar?” ou “já passei por coisas muito piores e não me matei.”
Muitas pessoas acreditam que quem está com problemas de saúde mental precisa ser “chacoalhado”. Isto, além de subestimar a gravidade da situação, não ajuda em nada. Nunca utilize frases como “você quer chamar a atenção”, “te falta Deus” ou “isso é falta de vergonha na cara”.
De novo: a dor de cada um é a dor de cada um. Pratique a empatia e não compartilhe pensamentos como “tanta gente com problemas mais sérios que os seus...”.
Apesar da boa intenção, frases rasas como “levanta a cabeça, deixa disso”, “pense positivo” ou “a vida é boa” não ajudam em nada na solução do problema.
Dependendo da gravidade da situação, pode ser preciosismo pensar que é possível fazer com que alguém mude de ideia em relação a uma decisão tão significativa como essa. Porém, sempre vale a tentativa. Dicas como as abaixo podem fazer com que você, de fato, salve uma vida.
Fortalecer os vínculos afetivos com familiares e amigos pode ajudar a cultivar relações interpessoais mais satisfatórias e aumentar a percepção de apoio. Estimule esse tipo de laço, bem como a adoção de novos hobbies que possam gerar prazer e qualidade de vida.
Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, atue de forma rápida e direta, entrando em contato com os órgãos abaixo:
SAMU - 192
Corpo de Bombeiros - 193
Polícia Militar - 190
Se a pessoa em questão vive com você, assegure-se de que ela não tenha acesso a meios que possam facilitar o ato, como armas de fogo, medicamentos etc. Fique em contato para acompanhar como ela está passando e o que está fazendo ao longo do dia.
Existe um limite de atuação para quem não é especialista no assunto. Incentive a pessoa a procurar a ajuda de profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, ou mesmo de emergência, como os serviços públicos listados anteriormente.
Muito pelo contrário! Grande parte do problema mora no tabu que ainda é abordar esse tema abertamente em nossa sociedade.
Em 1774, o escritor e filósofo alemão Johann Wolfgang Von Goethe publicou “Os Sofrimentos do Jovem Werther”. A obra narra as desilusões amorosas de Werther, jovem que acaba se suicidando.
Após o lançamento na Europa, a história inspirou dezenas de jovens leitores, que passaram a se vestir como o protagonista, com calças amarelas e colete azul. Além disso, foi atribuída à história a culpa por outro fenômeno: uma onda de suicídios.
O livro acabou sendo proibido em diversos países, como Itália e Dinamarca, e as discussões que aconteceram em torno disso deram origem a um termo da psicanálise: o Efeito Werther.
Concebido para definir a imitação do comportamento suicida, a expressão significa que, de certa forma, o suicídio, ou o fato de falar sobre o tema, seria “contagioso”.
Porém, o que influenciaria outras pessoas a fazerem o mesmo, na verdade, tem a ver com a forma como o tema é tratado. O problema mora em falar do assunto sem cuidado, mostrando detalhes, explicitando métodos e romantizando a morte.
Portanto, encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre o tema com a pessoa que precisa de ajuda. Deixe-a saber que você está ali para ouvi-la de mente aberta e ofereça ajuda para o que ela precisar.
E, é claro, normalize falar preventivamente sobre o assunto.
Torne-se um voluntário do CVV e doe seu tempo e atenção àqueles que desejam conversar de forma anônima, sigilosa e sem julgamentos, além de promover ações de autoconhecimento.
As principais frentes são apoio emocional (atendimento por telefone, chat, e-mail e presencialmente) e atuação na comunidade. Para ser um participante, bastar:
(que você nem imagina estarem em risco)
Baixe o enxoval digital da campanha e ajude a divulgá-la entre todos que você conhece!