A febre maculosa é a principal doença transmitida por carrapatos no Brasil. Embora seja uma condição séria, não é motivo para alarme, a informação correta e a prevenção fazem toda a diferença.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2007 e 2025 foram confirmados 3.637 casos no país, com maior concentração nas regiões Sudeste e Sul. Nos últimos cinco anos, os estados que mais registraram ocorrências foram São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, além de Santa Catarina.
Alguns municípios, como Campinas (SP), tiveram registros mais graves recentemente, o que reforça a importância do diagnóstico rápido e do tratamento adequado.
Como acontece a transmissão?
O agente transmissor da febre maculosa é o carrapato-estrela (Amblyomma sculptum), também conhecido como micuim. Esse carrapato pode carregar a bactéria Rickettsia rickettsii, responsável pela doença.
Seu ciclo de vida passa por três estágios (larva, ninfa e adulto) e em todos eles o carrapato precisa se alimentar de sangue. Para isso, ele se prende a diferentes animais, como cavalos, bois, cães, aves e também animais silvestres. Ele não tem preferência: qualquer hospedeiro pode servir.
Além do contato com áreas rurais e de mata, é importante destacar que o carrapato-estrela também pode estar presente em locais públicos urbanos, como parques, praças e áreas verdes dentro das cidades, onde há circulação de animais e aves. Assim, a exposição ao carrapato não se limita ao ambiente rural, sendo necessário cuidado também nesses espaços urbanos.
A transmissão para humanos ocorre quando o carrapato infectado permanece fixado na pele por pelo menos 4 horas. Os estágios mais jovens, como as ninfas (conhecidas como “vermelhinhos”), são os mais perigosos, porque são pequenos e difíceis de perceber.
Capivaras e febre maculosa: qual é a relação?
Nos últimos anos, as capivaras ganharam popularidade na internet e viraram até meme pela sua calma e simpatia. Mas, quando o assunto é febre maculosa, elas aparecem com frequência porque são hospedeiras comuns do carrapato-estrela.
É importante destacar que a capivara não transmite a doença diretamente. O risco está no carrapato infectado.
Durante alguns dias após serem picadas por carrapatos contaminados, as capivaras podem manter a bactéria circulando no sangue e contribuir para que outros carrapatos também se infectem. Depois desse período, não representam mais risco.
Além das capivaras, outros animais como cavalos, bois, cães e até aves podem carregar o carrapato-estrela. Por isso, o cuidado deve ser maior em áreas verdes, próximas a rios e lagos, onde esses animais circulam.
A mensagem principal é simples: a capivara não é vilã. Ela faz parte da biodiversidade e deve ser respeitada. O problema é o carrapato infectado, e é contra ele que devemos nos proteger.
Sintomas da febre maculosa
AOs sintomas costumam aparecer entre 2 e 14 dias após a picada. No início, podem se parecer com uma gripe forte, mas evoluem rapidamente. Os sinais mais comuns são:
- febre alta;
- dor de cabeça intensa;
- dores no corpo e fraqueza;
- náuseas, vômitos ou diarreia;
- pequenas manchas avermelhadas que surgem nos pulsos e tornozelos e podem se espalhar.
Em alguns casos, a doença pode avançar para quadros mais graves, com necrose da pele, alterações neurológicas e até falência de órgãos.
Portanto, procure atendimento médico imediato se apresentar esses sintomas após ter frequentado áreas de risco. O tratamento da febre maculosa é feito com antibióticos e precisa ser iniciado nos primeiros 5 dias para ser eficaz.
Como se prevenir?
A prevenção é simples e está ao alcance de todos. Veja como reduzir o risco de contato com o carrapato-estrela:
- Prefira roupas claras, compridas e calçados fechados em áreas de mata, rios e lagos.
- Passe repelente também nas roupas, não apenas na pele.
- Examine o corpo a cada 3 horas durante passeios em locais de risco.
- Mantenha a grama baixa em jardins e quintais.
- Admire as capivaras e outros animais silvestres de longe, sem contato direto.
- Use produtos veterinários contra carrapatos em cães, cavalos e bovinos.
- Ao encontrar um carrapato preso à pele, retire-o com pinça, lave a região e evite esmagar o inseto com as unhas.
Convivendo com a natureza com segurança
Capivaras, cães, cavalos e tantos outros animais fazem parte da nossa vida e da biodiversidade brasileira. Eles não são culpados pela febre maculosa: o verdadeiro risco está no carrapato infectado.
Com informação, prevenção e atenção ao corpo, é possível aproveitar trilhas, parques e áreas verdes de forma saudável e segura, sem abrir mão da convivência com a natureza.
E por falar em meio ambiente, você sabe como ele se relaciona com a sua saúde? Confira o nosso artigo sobre o tema!