Chuvas de verão: conheça as doenças mais comuns da estação

O verão é sinônimo de sol, calor e, muitas vezes, diversão. No entanto, esse período também é acompanhado de chuvas fortes que podem trazer algumas consequências, entre elas as doenças causadas principalmente pelo aumento da proliferação de mosquitos e o contato com águas contaminadas.

Conheça agora as principais doenças desta época e como preveni-las!

Dengue

A dengue é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado. As chuvas intensas, comuns no verão, favorecem o acúmulo de água parada, criando ambientes ideais para a reprodução do mosquito.

Embora qualquer pessoa possa contrair a doença, alguns grupos possuem maior risco de desenvolver formas graves, como idosos, pessoas com doenças crônicas (diabetes e hipertensão arterial), gestantes, lactantes e crianças menores de 2 anos.

Sintomas

A dengue apresenta diferentes fases, e é importante reconhecer os sintomas desde os primeiros sinais como:

  • Febre alta e repentina
  • Dores intensas nas articulações e músculos
  • Dor atrás dos olhos
  • Dor de cabeça
  • Manchas vermelhas na pele
  • Cansaço e falta de apetite

Essa fase febril dura geralmente até o 7º dia. No entanto, é necessário ficar alerta, pois após esse período podem surgir sinais que indicam agravamento do quadro, incluindo:

  • Dor abdominal intensa e contínua
  • Vômitos persistentes
  • Acúmulo de líquidos no corpo (como ascite, derrame pleural ou derrame pericárdico)
  • Hipotensão postural (tontura ao levantar-se) e/ou desmaios
  • Letargia ou irritabilidade (especialmente em crianças)
  • Aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia maior que 2 cm)
  • Sangramentos em mucosas
  • Aumento progressivo do hematócrito (sinal de desidratação grave)

Esses sintomas exigem atenção médica imediata para evitar complicações mais sérias.

Prevenção

Desde dezembro de 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza uma vacina contra a dengue. Apesar disso, o controle do vetor, o Aedes aegypti, continua sendo essencial para prevenir surtos da doença. Veja algumas ações preventivas:

  • Elimine focos de água parada: jogue fora recipientes que acumulam água, como tampas, garrafas e pneus.
  • Mantenha caixas d’água bem tampadas e vedadas.
  • Limpe calhas, ralos e outros locais que acumulam água regularmente.
  • Use repelentes para evitar picadas e opte por roupas que cubram braços e pernas.
  • Instale telas em portas e janelas para impedir a entrada de mosquitos.

Atualmente, não há um tratamento específico para a dengue. O manejo da doença inclui repouso e hidratação constante (água, sucos naturais e soro caseiro).

O uso de medicamentos para febre e dor deve ser feito apenas conforme orientação médica (evitando anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico, que podem aumentar o risco de sangramentos).

Zika

O Zika vírus (ZIKV) é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo responsável pela dengue e Chikungunya. Embora muitas pessoas infectadas apresentem sintomas leves ou sejam completamente assintomáticas, o Zika pode levar a complicações graves, especialmente em gestantes e idosos, além de pessoas com comorbidades.

Entre os possíveis impactos graves estão complicações neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré (SGB), e condições congênitas severas em fetos, que podem levar a anomalias congênitas, como a microcefalia, lesões no sistema nervoso central e outras complicações neurológicas que compõem a Síndrome Congênita do Zika (SCZ). Crianças com essa síndrome podem apresentar diversas condições ao longo da vida, incluindo deficiências intelectuais, motoras, sensoriais e físicas permanentes.

Sintomas

Após um período de incubação que varia entre 2 e 7 dias, os sintomas podem aparecer, incluindo:

  • Febre baixa
  • Erupções cutâneas que geralmente começam na cabeça e se espalham pelo corpo
  • Conjuntivite não purulenta (vermelhidão nos olhos sem secreção)
  • Cefaleia, artralgia, cansaço e dores musculares
  • Inchaço ao redor das articulações
  • Inchaço nos linfonodos

Prevenção

Como não há vacina ou tratamento específico para o Zika vírus, a prevenção é o principal caminho. As medidas preventivas são similares às usadas para o combate ao Aedes aegypti e incluem:

  • Controle do mosquito – tampe caixas d’água, descarte objetos que acumulam água e limpe calhas regularmente. Além disso, use telas em portas e janelas e mantenha mosquiteiros sobre camas, especialmente para crianças pequenas e gestantes.
  • Proteção pessoal – use roupas que cubram o corpo (calças e camisetas de manga longa) para minimizar o risco de picadas e aplique repelentes nas áreas expostas da pele e sobre a roupa. Opte por produtos que contenham DEET, Icaridina ou IR3535.
  • Ambientes seguros – sempre que possível, use ar-condicionado nos ambientes internos para reduzir a presença de mosquitos e instale telas protetoras em portas e janelas para impedir a entrada do vetor.

Chikungunya

A Chikungunya é uma doença causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV) e transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

Embora inicialmente as maiores incidências fossem relatadas na região Nordeste, de acordo com o Ministério da Saúde, em 2023 ocorreu um aumento significativo de casos em todo o país, especialmente na região Sudeste.

Sintomas

A doença pode apresentar sintomas em três fases distintas:

  • Fase febril ou aguda: dura entre 5 e 14 dias, caracterizada principalmente por febre alta e dores intensas.
  • Fase pós-aguda: ocorre entre 15 e 90 dias após o início dos sintomas. Nesta etapa, as dores nas articulações podem persistir.
  • Fase crônica: quando os sintomas persistem por mais de 90 dias, especialmente a dor nas articulações, essa fase pode se tornar crônica em mais da metade dos casos, durando meses ou até anos.

A Chikungunya é particularmente debilitante devido à intensidade das dores articulares, que podem comprometer a qualidade de vida dos pacientes, especialmente na fase crônica. Quanto aos principais sintomas, podemos citar:

  • Febre alta
  • Dores intensas nas articulações, geralmente acompanhadas de inchaço (edema)
  • Dor nas costas
  • Dores musculares
  • Manchas vermelhas na pele
  • Coceira localizada ou generalizada, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés
  • Dor de cabeça e dor atrás dos olhos
  • Conjuntivite não purulenta
  • Náuseas e vômitos
  • Dor de garganta
  • Calafrios
  • Diarreia e dor abdominal (mais comuns em crianças)

Prevenção

Assim como no caso da dengue e Zika, a prevenção da Chikungunya depende do controle do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. Algumas medidas incluem:

  • Elimine criadouros de água parada e mantenha ralos e calhas limpos.
  • Use roupas de manga longa e calças para reduzir a exposição à picada do mosquito.
  • Aplique repelentes regularmente nas áreas expostas da pele e sobre as roupas.
  • Proteja sua casa instalando telas em portas e janelas.
  • Mantenha o ambiente limpo, evitando qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro para o mosquito.

Se você apresentar sintomas como febre alta e dores intensas nas articulações, procure um médico imediatamente. O diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado podem prevenir complicações e ajudar no manejo da doença.

Leptospirose

A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira, transmitida principalmente pela urina de animais infectados, como os ratos. Durante enchentes e alagamentos, a água contaminada pode entrar em contato com a pele humana, especialmente se houver cortes ou arranhões, ou através das mucosas, facilitando a infecção.

O tempo entre a exposição e o aparecimento dos sintomas pode variar de 1 a 30 dias, sendo mais comum entre 7 e 14 dias após o contato. É uma doença frequentemente associada a condições precárias de infraestrutura e saneamento básico, bem como as áreas com alta infestação de roedores.

Sintomas

Quanto aos sintomas de leptospirose, podemos citar:

  • Febre alta
  • Falta de apetite
  • Dores musculares intensas, principalmente nas panturrilhas
  • Dor de cabeça
  • Calafrios
  • Náuseas e vômitos
  • Diarreia
  • Dor nas articulações
  • Vermelhidão ou hemorragia conjuntival
  • Fotofobia e dor ocular
  • Tosse
  • Exantema, aumento do fígado ou baço, aumento de linfonodos e sufusão (edema e hiperemia) conjuntival (mais raros).

Cerca de 15% dos pacientes podem evoluir para formas graves, geralmente após a primeira semana da doença. Nesses casos, a taxa de letalidade pode chegar a 40%.  

A forma mais clássica é a síndrome de Weil, que inclui icterícia rubínica (coloração amarela intensa da pele e mucosas, com tom alaranjado), além de insuficiência renal e hemorragias, geralmente pulmonares.

Outras manifestações graves incluem:

  • Síndrome da hemorragia pulmonar: tosse seca, falta de ar, expectoração com sangue
  • Lesão pulmonar aguda, podendo levar a sangramentos maciços
  • Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA)
  • Manifestações hemorrágicas em pele, mucosas, órgãos internos ou no sistema nervoso central

Esses quadros podem exigir internação hospitalar e cuidados intensivos, além de ser muito importante evitar a automedicação e buscar um profissional de saúde o quanto antes.

Prevenção

Prevenir a leptospirose é uma das melhores maneiras de controlar a doença, especialmente durante períodos de chuvas intensas e enchentes. Veja algumas medidas práticas que você pode adotar:

  • Garanta a qualidade da água para consumo – utilize sempre água potável para beber e cozinhar. Em situações de enchentes, é comum ocorrerem problemas nas canalizações, contaminando a água. Portanto, filtre, ferva ou trate a água com cloro antes do consumo.
  • Higienização pós-enchente – a lama deixada pelas enchentes pode estar infectada e tende a aderir em móveis, paredes e pisos. Para remover a lama em segurança, use luvas e botas de borracha. Após a limpeza inicial, lave o local e desinfete com uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%. Para preparar a solução, adicione duas xícaras de chá (400 ml) de hipoclorito a 2,5% em 20 litros de água. Aplique nos locais afetados e deixe agir por 15 minutos.
  • Evite contato com água e lama contaminadas – sempre que possível, não entre em áreas alagadas ou com lama. Se for inevitável, proteja-se com botas e luvas de borracha. Crianças devem ser orientadas a não brincar ou nadar nessas águas.
  • Proteção durante a limpeza – pessoas envolvidas na remoção de lama, entulhos ou na desobstrução de esgotos devem usar equipamentos de proteção individual, como botas e luvas de borracha. Na falta desses itens, pode-se improvisar com sacos plásticos duplos bem amarrados nas mãos e pés.
  • Controle de roedores – mantenha o lixo em recipientes fechados e faça o descarte adequado para não atrair ratos. Armazene alimentos em locais bem vedados. Realize a limpeza e a vedação de caixas d’água, e feche frestas ou aberturas em portas e paredes para impedir a entrada de roedores. Caso deseje realizar a aplicação de raticidas, deixe que o serviço seja realizado por profissionais qualificados.
  • Mantenha o ambiente limpo – a limpeza regular do ambiente doméstico e dos arredores ajuda a afastar roedores. Elimine entulhos e locais que possam servir de abrigo ou fonte de alimento para esses animais.
  • Cuidados extras – esteja atento a possíveis sintomas após exposições de risco e procure atendimento médico imediato se apresentar sinais da doença.

Cuide-se e aproveite o verão com saúde!

Agora que você conhece as principais doenças do verão, é hora de colocar em prática as medidas de prevenção. Pequenas ações no dia a dia fazem toda a diferença para proteger você e sua família. Aproveite o melhor da estação com segurança e bem-estar!

Referências:

Related posts

Campanha da saúde mental

20 de Janeiro: Dia do Farmacêutico

Dezembro Vermelho

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Ler Mais